Friday, October 04, 2013

No outro dia, chegou aqui um gajo ao trabalho e, com a mesma confiança que disparou um “Boas!” (nunca conheci um gajo que dissesse “boas!” e que tivesse todos os dentes da frente ou as patilhas quadriláteras) disse que era o melhor gajo a arrumar a loiça da máquina, e que poupava imensa energia e o camandro e mais uma ou outra tirada de gente adulta e eu passei-me e disse-lhe, não só que ele tinha um bocado de coentros nos dentes, que supus ser do jantar, já que o único gajo que come coentros ao pequeno almoço é o Popeye e por engano e apontei para a parede lateral do meu cubículo, onde orgulhosamente ostento o meu diploma de melhor gajo do mundo a arrumar loiça na máquina, passado pela minha chavala, que uma vez me viu a dispor a loiça de tal maneira, que coloquei uma bola de ping pong a circular na plataforma de cima e ela, não só tocou em todas as peças de loiça que lá jaziam, como desceu para plataforma de baixo, tocou em todos os pratos e talheres, mandou três peças de dominó abaixo, fechou a cápsula do detergente, ligou a máquina e saiu à Indiana Jones, mesmo antes do fecho programado da tampa e toda esta mise en scène foi inspirada nos twists melodramáticos do Gogol, que para alem de ter sido um escritor brilhante, foi o primeiro gajo do mundo a poder dar nome a um motor de busca, mas na altura a net era um luxo da aristocracia mercantil, que, com modems de 56k, apenas conseguia descarregar imagens de plebeias seminuas à velocidade de uma gestação.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

escrevo logo existo =)

jgfgc

4:27 AM  

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