Friday, October 14, 2011

Já houve vezes em que pensei: talvez não seja o melhor gajo do mundo em todas a categorias, especialmente naquelas mais manhosas, em que é preciso calçar luvas, como acontece quando um gajo faz o seu próprio acompanhamento urológico ou quando vai roubar uma aparelhagem à singer, mas nesses momentos em que a modéstia investe, rapidamente me entalo numa porta, bebo um red bull e oiço a cassete de hipnose que me tornou no melhor gajo do mundo a tentar matar o presidente da libéria (e teria conseguido se o gajo tivesse cócegas) e a confiança volta aos níveis de espectacularidade habituais, tanto que, da última vez em que isso aconteceu, saí logo à rua e pedi à primeira pessoa que encontrei que enunciasse um verbo aleatoriamente e a senhora dos cachorros quentes disse surpreendentemente “cachorros” e foi nesse momento que me consagrei não só como o melhor pedagogo do mundo, quando expliquei à senhora a diferença entre um verbo e um substantivo apenas com recurso ao asfalto, a uma embalagem de maionese e a uma embalagem de ketchup para corrigir os exercícios, mas também como o melhor gajo do mundo a comer cachorros, que quando dei por mim, já tinha um gajo com um monóculo a comer um ao meu lado, tal o nível que eu conferi à mui desleixada arte de comer cachorros, tanto que fui primeiro gajo do mundo a conceptualizar o cachorro gourmet, que tem na base uma salsicha de porco preto e é guarnecido com vieiras e puré de castanha.