Wednesday, November 30, 2011

Eu sou o melhor gajo do mundo a ler histórias e sou-o desde pequeno, altura em que adormecia os meus pais com dramatizações livres dos Contos de S. Petersburgo e dos Filhos da Droga de Christiane F., que adaptei para musical apenas com recurso a uma beatbox e um daqueles peluches que apitam quando um gajo aperta e foram os meus pais que me levaram ao Bravissimo, Bravississimo, um concurso para crianças talentosas em Banguecoque decalcado do Bravo Bravissimo, mas para malta com talento a sério e acabei por ganhar a cena com a adaptação da fábula O Carvalho e o Caniço à realidade da Reboleira contra um puto húngaro que conseguia andar de bicicleta montado num balde, o que por si só diz bastante da qualidade da minha interpretação e não nos vamos esquecer que Banguecoque é a capital mundial do Ping Pong sem raquetes, que é dos desportos esteticamente mais impactantes do mundo, mas os gajos ficaram de tal maneira estasiados que, aproveitando a  inexistência de qualquer lei de registo de marcas e patentes, criaram todo o tipo de coisas com o meu nome, desde alpista a carros desportivos, tanto que hoje sou o único particular do mundo a ter uma embaixada num país, que normalmente utilizo para por a roupa de verão e para escoar aquela mobília que um gajo vai acumulando com as compras do Ikea.

Tuesday, November 22, 2011

Sou o melhor gajo do mundo a fazer partidas de escritório e sou muitas vezes disputado por várias empresas exatamente por essa qualidade, porque animo o escritório e distraio a malta do trabalho, que é uma coisa chata, cheia de papelada, tanto que no outro dia preguei uma partida ao Esteves, da Direção de Planeamento e Controlo, que é o gajo responsável pelos indicadores da empresa e vibra com os semáforos verdes dos relatórios operacionais, e apanhei-o através da namorada, a Gilda dos RH, que foi à casa de banho, puxou o papel higiénico que eu tinha embebido em piri-piri e saltou como Sergei Bubka para um alguidar com água que eu tinha deixado a jeito com uma daquelas tatuagens que os putos usam no fundo e a Gilda ficou com um dashboard cheio de sinais vermelhos e gráficos de linhas descendentes impresso nas partes baixas durante quatro meses, tanto que o Esteves preferia ficar todos os dias até á meia-noite no escritório a ver vídeos no youtube a ir para casa e ser confrontado com aquela imagem de ineficiência operacional e o casamento deles acabou por durar só mais seis meses, mas quem ficou mesmo triste foram os três miúdos, especialmente aquele que não consegue dizer os l’s e que se cospe todo a comer, que agora tem que cortar o bife sozinho, enquanto espera que a mãe chegue do Call Center, onde teve que se inscrever para ajudar a pagar a fisioterapia do puto mais velho, que fez uma rutura de ligamentos quando regressava a pé do treino de rugby do Belenenses, onde o Esteves o inscrevera e era lenda viva, mas lá no escritório a malta partiu-se a rir e acabei por ser eleito CPO (Chief Prank Officer) da empresa, com regalias tão distintas como: 1) carro da empresa com buzina manual, daquelas divertidas; 2) cadeira com três pernas, para facilitar quedas inesperadas e proporcionar gargalhada; 3) e um teclado que simula diversos tons de flatulência e animais de quinta.

Monday, November 21, 2011

Eu sou o melhor gajo do mundo a andar à chuva, toda a gente sabe isso, especialmente aquela malta que se cruza comigo no meio da rua em dias de intempérie e, um pouco aparvalhada, procura a câmara, como quem diz: isto só pode ser um anúncio da ermenegildo zegna e para a coleção la spectacularitá e eu fui o primeiro gajo do mundo a introduzir o vocábulo spectacularitá no léxico italiano, tanto que os gajos quando queriam dizer que uma cena era muito fixe, levantavam as mãos e abanavam-nas como quem completa um truque de magia, até que um dia cheguei ao aeroporto de roma e o segurança me perguntou se tinha alguma coisa a declarar e foi aí que os gajos conheceram o termo e causou um impacto tal que, poucos dias após, estava a descansar no hotel e recebi uma chamada do concierge a dizer que o papa estava no atrium do albergue para me ver e foi aí que me consagrei como primeiro gajo do mundo a ir a roma e a ser visto pelo papa, que queria falar comigo sobre coisas alegadamente mundanas, mas ás tantas já estava a questionar toda a iconografia da igreja católica e a pedir-me para tirar umas fotografias em trajes duvidosos, pendurado numa estrutura de madeira e eu, a dada altura, tive que usar o meu mantra para velhos, que consiste em iniciar uma diálogo com a frase “esta malta nova…”, enquanto distribuo cartões para uma partida de bingo que nunca chaga a acontecer, porque poucos minutos passados, estão no sofá a tentar combater o sono como se este tivesse a tentar invadir a polónia.