Wednesday, May 04, 2011

eu sou o melhor gajo do mundo a fazer conversa em elevadores e sou capaz de discorrer, com o mesmo á vontade, sobre temáticas tão diversas como a filologia românica ou as axilas da luciana abreu e há gajos na minha empresa que esperam que eu chegue só para me acompanharem na viagem do piso -4 ao piso 11, onde saio normalmente em ombros e com um salva de palmas apenas comparável àquela que decorreu da queda do muro em 89 e ás vezes até vejo malta loira, com máquinas fotográficas e mapas em riste, que fazem essa mesma jornada comigo e nem sei como é que eles conseguem entrar num edifício privado, com torniquetes por todo o lado, mas aparentemente já há uma menção à minha pessoa no let’s go europe como o cícero da otis, sendo especialmente destacado o meu monólogo do 5º ao 10º e a minha dialéctica do -4 ao 1º, que assenta numa retórica mais focada nos eventos meteorológicos do dia, mas com um ligeiro toque em corporate valuation e receitas de cozinha mediterrânica, isto tudo ao som de um instrumental de cat stevens capaz de fazer chorar um agrafador, que é um objecto meio pateta e tem dentes de mentiroso como o teco, e há até um gajo da contabilidade que apregoa ter sido curado de uma gaguez nervosa pela minha small talk e insiste em fazer peregrinações anuais de joelhos do 4º ao 11º piso usando apenas as escadas e agora tenho um gajo que não só me faz o irs, como também lidera pro bono o meu processo de beatificação, com contabilidade organizada e uma margem ebitda prevista de 14 %, que está claramente acima dos pares e de alguns impares que têm a mania, mas antes disso tenho que morrer e ao que sei já está a ser construído o elevador que me levará aos céus, que terá a capacidade para 6.000 lugares sentados, todos eles já esgotados por uma legião de anjos e arcanjos ansiosos por conhecer o segredo de um bom arroz de pato.